Era uma terça-feira comum quando o telefone de Poliana Rocha tocou pela décima vez sem resposta. Do outro lado, apenas silêncio. Um vazio que qualquer avó conhece: aquele pressentimento gelado de que algo não está certo com suas netas. “Alô? Maria Alice? Maria Flor?” — nada. Ao olhar para a tela do celular, vendo as fotos das meninas como papel de parede, Poliana sentiu o coração apertar.

Virginia, mãe das meninas, havia levado Maria Alice e Maria Flor para “uma temporada” em Madri. O que deveria ser apenas alguns dias virou semanas, depois um mês, e a sensação de eternidade começou a se instalar. Poliana não conseguia dormir, revisava o celular a cada cinco minutos, vasculhava redes sociais em busca de qualquer sinal de suas netas. Então, numa madrugada fria, encontrou uma foto delas na varanda de uma mansão em Madri, com a legenda: “Nossa nova rotina”. Para Poliana, aquelas palavras soaram como um soco no estômago. Não era mais uma viagem; era a construção de uma nova vida longe do Brasil, longe da família.

Na manhã seguinte, durante o café da manhã, Poliana decidiu agir. Com Zé Felipe, seu filho, ela compartilhou o medo que vinha sentindo: Virginia não traria as meninas de volta. “Vou acionar a Justiça. Vou trazer Maria Alice e Maria Flor para os nossos braços”, afirmou, com firmeza, mesmo que os olhos revelassem lágrimas e preocupação.

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A advogada Dra. Márcia Cavalcanti, especializada em direito de família, ouviu cada detalhe da história, cada tentativa frustrada de contato, cada noite de insônia. Para Poliana, era uma luta pelo direito das meninas de crescerem com suas raízes, com a família que amam. Dra. Márcia reforçou: “Não é sobre você versus Virginia. É sobre Maria Alice e Maria Flor terem direito a conviver com toda a família e com o seu país.”

O processo foi protocolado numa sexta-feira à tarde. Com 47 páginas de argumentos, provas, laudos psicológicos e registros das tentativas de contato ignoradas, Poliana solicitou o retorno imediato das netas ao Brasil. A notícia rapidamente se espalhou, dividindo opiniões: uns defendiam Virginia, outros apoiavam Poliana. Mas no centro de tudo estavam duas meninas que não pediram para estar ali.

Enquanto o Brasil acompanhava a disputa, Maria Alice e Maria Flor viviam em uma rotina dourada em Madri: café da manhã em mansões, aulas particulares, carros importados e passeios luxuosos. Mas, apesar de tudo, sentiam falta da casa verdadeira — da vovó Poliana, da família, da simplicidade e do carinho que só o lar brasileiro podia oferecer.

O isolamento emocional era evidente. Maria Alice tentava falar com o pai por telefone, mas Virginia bloqueava qualquer contato. Um dia, ao encontrar o celular desbloqueado, Maria Alice descobriu mensagens e fotos da família que nunca haviam sido mostradas, e lágrimas escorreram pelo seu rosto. A realidade que Virginia tentava construir era apenas aparência; a saudade e a vontade de voltar para casa falavam mais alto.

Até mesmo momentos que deveriam ser alegres, como o aniversário de Maria Flor, não conseguiram mascarar a dor. Balões, presentes caros e festas grandiosas não substituíam o amor e a presença da avó. A pequena fez seu pedido secreto ao soprar as velas: queria ver sua vovó, queria voltar ao Brasil.

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No Fórum Central de Goiânia, a manhã da audiência estava carregada de tensão. Jornalistas e câmeras aguardavam ansiosos, enquanto a juíza Dra. Helena Vasconcelos analisava documentos, laudos psicológicos e provas detalhadas do afastamento das meninas de sua família paterna. A decisão seria minuciosa, baseada na lei, mas impossível de ignorar a dor envolvida.

Poliana chegou ao fórum às 7h40 da manhã, acompanhada de advogados, com olhos cansados, mas a postura firme. Cada passo era carregado de emoção, lembranças e promessas silenciosas: “É por elas. Tudo por elas.” A audiência que se seguiu parou o país. A justiça finalmente reconheceu a urgência da situação e determinou o retorno imediato de Maria Alice e Maria Flor ao Brasil.

O que parecia uma batalha sem fim transformou-se em vitória para o amor familiar. Poliana provou que, mesmo diante de silêncios e obstáculos, a persistência e o carinho podem vencer barreiras, garantindo às netas o direito de crescerem conectadas à sua família e ao seu país. Esta decisão não apenas devolveu Maria Alice e Maria Flor ao lar, mas também reforçou a importância da família e da proteção das crianças em qualquer circunstância.