A manhã ainda nem tinha começado quando uma notícia inesperada começou a se espalhar por Goiânia como fogo em capim seco. A caminhonete de Zé Felipe, o veículo que todo fã reconhece de longe, havia sido encontrada abandonada numa estrada rural em Bela Vista de Goiás. Em poucos minutos, o que parecia apenas um fato curioso se transformou em um dos episódios mais tensos, emocionais e misteriosos envolvendo a família Fonseca.

Tudo começou quando um funcionário de uma pequena fazenda avistou o veículo parado em um trecho isolado, coberto de poeira, sem sinais de movimento e completamente fora de contexto. Ele achou aquilo estranho demais para ignorar. Ao ver a placa, sentiu o corpo gelar. Era o carro de Zé Felipe. Tirou uma foto e enviou ao patrão, que enviou a alguém, que enviou a outro alguém… Em menos de dez minutos, a imagem já circulava em grupos de WhatsApp, gerando teorias, pânico e especulações assustadoras.

Quando Leonardo recebeu a fotografia, estava tomando café. A xícara caiu da mão. A primeira reação dele foi ligar para o filho. Tentou uma, duas, três vezes. Só caixa postal. A calma que sempre marcou sua personalidade simplesmente desapareceu. Sem avisar ninguém, ele entrou na própria caminhonete e partiu com pressa, tomado por uma mistura de medo e desespero.

Enquanto isso, Ana Castela, que havia conversado com Zé mais cedo, também ficou em choque. Ligou para Virgínia, para a equipe, para quem pudesse trazer alguma informação concreta. Nada. Tudo silencioso. Como se o dia tivesse amanhecido com um véu de mistério envolvendo o cantor.

A caminhonete estava intacta. Nada quebrado, nada arrombado, nenhum sinal de violência. E isso só aumentava o espanto. Se não havia luta, se não havia dano, então por que o carro estava ali? E onde estava Zé?

Leonardo chegou tão abalado que mal conseguia andar direito. Tocou na porta da caminhonete como se pudesse encontrar uma resposta no metal frio. Em seguida, ficou imóvel, respirando fundo, tentando manter o controle. A polícia já havia sido acionada e começou a examinar o local com cautela.

Ana também apareceu minutos depois, tensa, com o olhar perdido, tentando entender o que estava acontecendo. O silêncio que pairava ali só aumentava a sensação de que algo muito errado estava em curso.

Os policiais encontraram marcas de pneu na estrada, indicando que outro veículo pode ter passado por lá. Mas o detalhe que mais chamou atenção foi outro: o celular de Zé estava desligado desde a noite anterior. Isso não acontecia. Ele sempre mantinha contato com a família e com a equipe.

À medida que as horas passavam, o clima ficava mais pesado. Virgínia, ao receber a foto da caminhonete, entrou em desespero. Chorava sem conseguir respirar direito, repetindo que “isso não podia estar acontecendo”.

A situação chegou ao limite. E então, quando ninguém mais sabia o que pensar, um carro preto surgiu ao longe. A poeira subiu, o silêncio aumentou, os olhares se fixaram no veículo. E quem saiu de dentro dele foi o próprio Zé Felipe.

Sujou de poeira, com olheiras profundas e o semblante assustado, Zé mal conseguia falar. Leonardo correu até ele e o abraçou com força. Ana, aliviada e ainda tremendo, se aproximou também.

Zé explicou o essencial: havia recebido uma ligação anônima durante a noite, falando sobre alguém próximo da família. Assustado e imaginando o pior, saiu sozinho. Percebeu que estava sendo seguido. Ficou nervoso, deixou a caminhonete numa estrada rural e pediu a um amigo que morava ali perto para buscá-lo. Achou que estava sendo atraído para uma armadilha.

A revelação deixou todos em alerta. Mas a tensão aumentou ainda mais quando um policial enviou para Leonardo uma foto de câmera de segurança. Era a caminhonete passando por um trecho horas antes de ser encontrada. O problema? Quem dirigia não era Zé.

A partir dali, tudo virou uma corrida para entender quem havia pego o carro, quem fez a ligação, quem estava tentando mexer com a família. Na madrugada, a situação ficou ainda pior. Zé recebeu uma mensagem de número desconhecido: “Isso foi só o começo”. Minutos depois, outra mensagem chegou, dessa vez com uma foto do local onde a caminhonete havia sido abandonada, mas agora com um boné preto — idêntico ao que ele costumava usar — deixado ao lado do pneu. Era um recado. Claro, direto e perturbador.

Leonardo foi para a casa do filho imediatamente. A polícia chegou pouco depois, cercando o local. Nos arbustos próximos ao muro da propriedade, foram encontradas pegadas e um pingente. Leonardo reconheceu na hora. Pertencia a alguém muito próximo da família, alguém que conviveu com eles por anos: Naldo, o ex-assistente de Zé Felipe, demitido meses antes após comportamentos estranhos e conflitos internos.

O celular encontrado no mato confirmou tudo. As mensagens haviam sido enviadas dali. A polícia localizou Naldo horas depois, em uma pousada simples, onde ele tentava fugir. Foi preso sem oferecer resistência.

A notícia da prisão trouxe um alívio doloroso. Não era mais um mistério, não era um invasor desconhecido. Era alguém de dentro, alguém que sabia detalhes pessoais, horários, rotinas. Alguém que tinha acesso ao que poucos tinham.

Com o amanhecer, a tensão começou a diminuir. Mas a marca daquele susto profundo continuou ali, dentro de cada um. A sensação de que o perigo pode vir de onde menos se espera.

No fim daquela madrugada longa, Leonardo, Virgínia e Zé ficaram juntos na varanda, observando o sol nascer. Silenciosos, cansados, mas unidos. O pesadelo finalmente tinha acabado. E, mesmo sem dizer em voz alta, todos entendiam a lição mais amarga daquela noite: às vezes o inimigo não está lá fora. Ele pode estar muito mais perto do que se imagina.