ARSENAL DE GUERRA: O PODER DE FOGO DO CRIME ORGANIZADO NO RIO

INTRODUÇÃO
Na imensidão das comunidades do Complexo do Alemão e da Complexo da Penha, no Rio de Janeiro, desenha-se um cenário que escapa à noção tradicional de “crime comum”. Tropas de elite da segurança pública encontraram barricadas, explosões, drones armados e fuzis importados em quantidade, revelando uma estrutura que vai muito além de tráfico de drogas: trata-se de uma infraestrutura de guerra urbana. Este artigo percorre as raízes desse poder de fogo, como ele se estruturou, quem são os atores, e o que isso representa para a cidade do Rio de Janeiro e para o Brasil.
ESCALA DO ARMAMENTO
As estatísticas mais recentes não deixam dúvidas: no primeiro trimestre de 2025, o estado do Rio apreendeu 154 fuzis entre janeiro e 17 de março — numa média de um fuzil a cada 12 horas.
Um relatório da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro mostrou que em 2024 foram apreendidos 638 fuzis — mas apenas 34 deles (5,3 %) tinham fabricação nacional. Os demais eram de origem estrangeira.
E mais: uma operação denominada Operação Forja, em outubro de 2025, apontou para uma organização especializada que fabricava armas para facções, numa capacidade estimada em 3.500 fuzis por ano.
ORIGEM E FLUXO DO ARMAMENTO
Há um corredor de armas abastecendo facções. Muitas peças chegam desmontadas ao país, são montadas clandestinamente e seguem para as favelas cariocas. Um único fuzil americano, que nos EUA pode custar cerca de US$ 1.000, pode se tornar no Rio um armamento completo vendido por até R$ 50.000.
Além disso, o uso de drones equipados com bombas e dispositivos explosivos na recente operação revela que o modelo de combate está ultrapassando o simples tiroteio de rua: passou a imitar táticas de guerra assimétrica.
ATUAÇÃO DAS FACÇÕES E SUA MUDANÇA DE PERFIL
A facção Comando Vermelho (CV) consolidou seu domínio em zonas tradicionais e tem se comportado como um verdadeiro exército irregular. No morro da Rocinha, por exemplo, estima-se que o arsenal da facção supere largamente o de um batalhão convencional de polícia.
O uso de drones, explosivos, fuzis de alta precisão, veículos blindados — tudo isso indica que essas organizações não são mais apenas traficantes, mas atuam como grupos paramilitares disputando território, logística, comando e armas contra o estado.
IMPACTO NAS COMUNIDADES E NA CIDADE
Quando a guerra se instala nos morros, a vida urbana sofre. Na operação recente no Alemão e Penha, os confrontos deixaram dezenas de mortos, escolas fechadas, transporte público paralisado, e moradores presos em zonas de tiroteio.
A presença desse arsenal transforma favelas em zonas de conflito, com corredores de fuga, barricadas, explosões e combates que se estendem por horas ou dias. O efeito psicológico na população local é profundo: medo, trauma, dias sem transporte ou aulas, comércio paralisado, isolamento.
DESAFIOS PARA AS AUTORIDADES
Para as instituições de segurança, a situação impõe desafios inéditos: não se lida mais com pequenos grupos armados com pistolas, mas com verdadeiras organizações bélicas, com logística internacional, financiamento e preparo para o confronto.
As operações precisam combinar inteligência, ocupação permanente, articulação federal e estadual, além de atuação nos portos, fronteiras e rotas de contrabando. Certamente, não basta aparecer “luz, câmera, ação” — é necessário permanência e estratégia de longo prazo.
O uso das Forças Armadas foi discutido em conferência recente: especialistas alegam que essas facções deixam de ser “população civil” e passam a operar como formidáveis grupos paramilitares, o que altera a lógica da atuação do Estado.
RAÍZES E CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS
Essa militarização do crime se dá em um contexto de desigualdade, de falta de presença estatal em muitas comunidades, de abandono urbano e de rotas de financiamento internacional. Quando o tráfico passa a operar como atacadista de armas, quando monta fábricas clandestinas de fuzis, quando adquire drones, a lógica muda.
E as consequências se estendem: aumento expressivo de apreensões, mortes em operações, deslocamento de comunidades, operações de limpeza que geram críticas sociais e humanitárias — tudo isso resulta em deterioração da sensação de segurança e da confiança no Estado.
CAMINHOS POSSÍVEIS
Uma política eficaz exigirá articulação entre várias frentes: monitoramento de fronteiras e portos, rastreamento de armas, cooperação internacional, ocupação estatal nas comunidades, reforço de inteligência e apoio à população das favelas.
É preciso também questionar porque facções têm liberdade para operar como se fossem exércitos paralelos, com logística nacional e internacional, e o que falta para que o Estado recupere a presença nesses territórios antes que novas armas cheguem ou sejam fabricadas.
CONCLUSÃO
O arsenal pesado, o poder de fogo acentuado e as táticas de guerra urbana demonstram que o desafio do crime organizado no Rio de Janeiro ultrapassa a questão policial trivial. A cidade enfrenta um inimigo que se organiza, captura territórios e age com eficiência bélica. A resposta exige mais do que operações pontuais: demanda estratégia, presença, inteligência e compromisso de longo prazo — sob pena de que a guerra urbana continue sendo travada à parte da sociedade, com alto custo para moradores, Estado e democracia.
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