A mais recente convocação da Seleção Brasileira para os amistosos na Ásia passou longe de causar polêmica ou gerar grandes surpresas. Com poucos nomes de jogadores atuando no Brasil e uma lista que mostra uma tendência à consolidação, Carlo Ancelotti sinaliza que está começando a definir o grupo que pretende levar para a Copa do Mundo de 2026.

Mas, em meio a essa convocação que muitos consideraram “sem emoção”, um nome que nem apareceu na lista foi o responsável por acender o debate: Neymar. A ausência do craque do Santos foi tema de uma entrevista exclusiva concedida pelo próprio Ancelotti, na qual ele falou abertamente sobre a situação do camisa 10 — e suas declarações deixaram claro que a única dúvida sobre a ida de Neymar à Copa é a sua condição física.

Segundo Ancelotti, Neymar não precisa ser testado tecnicamente, tampouco em relação ao seu comportamento dentro do grupo. “Todo mundo conhece o Neymar. É um jogador querido, respeitado, e que dispensa qualquer tipo de teste nesse sentido”, disse o treinador. A única exigência? Estar fisicamente apto.

Essa fala reforça a ideia de que Neymar já está praticamente garantido entre os 26 nomes que irão ao Mundial, desde que consiga se recuperar plenamente das lesões que vêm atrapalhando sua carreira nos últimos anos. Para Ancelotti, os dados físicos — como resistência, velocidade e intensidade em campo — serão decisivos.

Carlo Ancelotti rebate declaração de Neymar sobre ausência na Seleção | VEJA

Embora Neymar não esteja sendo chamado neste momento, Ancelotti deixou subentendido que o jogador continua sendo monitorado de perto pela comissão técnica. Os dados físicos e a evolução da sua recuperação são acompanhados com atenção. Para muitos analistas, o treinador aposta em um “Neymar hipotético”, ou seja, um jogador que, se conseguir atingir 100% de sua forma física, pode ser decisivo — ainda que entre em campo por apenas 30 ou 40 minutos.

“Neymar é o tipo de jogador que, mesmo sem estar no auge técnico, pode mudar o rumo de uma partida em poucos lances. E em uma Copa do Mundo, isso pode ser o suficiente”, comentou um dos jornalistas durante o debate.

A verdade é que Neymar, desde que voltou ao futebol brasileiro, vem sofrendo com críticas em relação ao seu desempenho técnico. Mesmo tendo emplacado uma sequência rara de nove jogos seguidos, seus números são, no mínimo, preocupantes. Ele está longe de liderar estatísticas como dribles certos, finalizações, criação de chances e passes decisivos. Pior: em muitos jogos recentes, foi apenas um coadjuvante dentro de campo.

Ainda assim, o peso do nome e da história de Neymar com a amarelinha continuam fazendo diferença. “Levar Neymar hoje não é uma decisão baseada em desempenho atual. É uma aposta de que o craque ainda pode tirar um coelho da cartola quando for mais necessário”, concluiu outro comentarista.

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O ponto mais delicado do debate é entender se a Seleção Brasileira hoje ainda depende de Neymar. E a resposta é incômoda: de certa forma, sim. Isso porque, apesar de termos jovens talentos como Vinícius Jr. e Rodrygo em ótima fase na Europa, nenhum deles assumiu de fato o papel de protagonista incontestável com a camisa da seleção.

Neymar, mesmo longe do seu auge, ainda é uma referência dentro e fora de campo. Para o grupo, é um líder natural, um ídolo, alguém que já viveu e carregou a responsabilidade de uma Copa nas costas. E é justamente por isso que Ancelotti parece disposto a mantê-lo por perto — mesmo que não seja como titular absoluto.

O técnico italiano também dá indícios de que não pretende usar Neymar como peça central da equipe, mas sim como uma carta estratégica. O plano parece ser claro: se estiver fisicamente bem, Neymar será convocado, mas não terá garantias de ser titular. Seu papel pode ser de luxo no banco de reservas, pronto para entrar e decidir quando o jogo apertar.

Isso, claro, dependerá da maturidade do jogador em aceitar essa condição — algo que, segundo os jornalistas, Neymar já está consciente. Ele sabe que não será mais o “intocável” da seleção. Mas a chance de disputar mais uma Copa, mesmo com um papel secundário, pode ser suficiente para motivá-lo a buscar sua melhor forma.

Com mais datas FIFA previstas até março e a possibilidade de continuar atuando pelo Santos em 2025 (caso o clube escape do rebaixamento), Neymar ainda tem tempo para provar que pode contribuir. E Ancelotti, ao que tudo indica, estará com a porta aberta até o último minuto.

Para o treinador, a única coisa que pode tirar Neymar da Copa é o seu próprio corpo. E, infelizmente, nem o jogador pode responder com certeza se estará pronto.