A manhã ainda nem tinha começado direito quando uma notícia inesperada percorreu Goiânia como um raio: a caminhonete de Zé Felipe havia sido encontrada abandonada em uma estrada rural, longe de qualquer casa, movimento ou registro de câmeras. Em poucos minutos, a tensão se espalhou pela cidade, alcançou as redes sociais, explodiu em grupos de WhatsApp e, principalmente, caiu com peso sobre a família do cantor. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Só se sentia o medo.

Tudo começou quando um funcionário de uma fazenda na região de Bela Vista de Goiás notou um veículo parado de forma suspeita perto de uma cerca. A poeira acumulada indicava que o carro estava ali há horas. Ao se aproximar, a surpresa foi imediata: era a caminhonete de Zé Felipe, facilmente reconhecida pelo modelo e placas. Ele tirou uma foto, enviou ao patrão e, antes que percebesse, a imagem já circulava pela cidade inteira.

Quando Leonardo recebeu a foto, sua reação foi instantânea. O sertanejo, sempre visto como equilibrado, deixou a xícara cair das mãos. Tentou ligar para o filho várias vezes, mas só caiu na caixa postal. Aquilo fez o coração apertar. Ele saiu apressado, sem explicar nada a ninguém, dirigindo direto para o local onde a caminhonete estava.

Ao mesmo tempo, Ana Castela, que havia conversado com Zé Felipe mais cedo naquele dia, ficou em choque ao ver a notícia. Tentou contato com a família, com a equipe, com quem pudesse responder algo — mas só encontrou silêncio. A sensação de que algo grave tinha acontecido tomou conta dela imediatamente. Na internet, teorias surgiam de todos os lados e alguns perfis chegaram a insinuar que o cantor teria desaparecido. Sem qualquer informação oficial, o caos se instalou.

Quando Leonardo chegou ao local onde a caminhonete estava, mal conseguia respirar de tão nervoso. O carro estava trancado, sem sinais de violência, sem qualquer dano aparente. Nenhum pertence fora do lugar. Isso só deixava tudo mais estranho. Ana também foi até lá, incapaz de ficar parada em casa esperando notícias. A tensão era tão grande que qualquer som parecia um alerta.

A polícia começou o trabalho, anotando cada detalhe. Marcas de pneu no chão levantavam mais perguntas do que respostas. O celular de Zé estava desligado desde a noite anterior, algo completamente incomum. A angústia só aumentava. Até que um funcionário da fazenda deu uma informação que mudaria o rumo das suspeitas: durante a madrugada, ele ouviu um carro passar em alta velocidade. Minutos depois, outro, mais devagar. Na hora não deu importância, mas agora tudo parecia fazer sentido.

Virgínia, ao receber a foto da caminhonete, desmoronou. Chorava, tremia, repetindo que algo estava errado. Para ela, nada era mais assustador do que o silêncio absoluto quando se tenta localizar alguém que se ama.

Horas de tensão se passaram até que um carro preto surgiu ao longe, levantando poeira. Quando a porta se abriu, o choque foi geral: era o próprio Zé Felipe. Sujo, cansado, com olhar abatido, ele apenas murmurou: “Gente, aconteceu uma coisa.”

Aos poucos, ele explicou que havia recebido uma ligação anônima durante a noite. A pessoa dizia saber de algo grave envolvendo alguém próximo da família. Preocupado, Zé saiu sozinho. No caminho, percebeu que estava sendo seguido. Em pânico, desviou para estradas rurais, deixou a caminhonete propositalmente e chamou um amigo para buscá-lo. Desligou o celular com medo de estar sendo rastreado. Para ele, tudo indicava que alguém estava tentando atraí-lo para uma armadilha.

A revelação deixou todos atônitos. Leonardo ficou pálido. Ana não conseguia esconder a aflição. Virgínia chorava de alívio, mas o medo continuava. A polícia entendeu que o caso não era apenas sobre um carro abandonado: era uma ameaça.

No entanto, a situação ficaria ainda mais sombria. Horas depois, Leonardo recebeu uma foto de uma câmera de segurança. A caminhonete aparecia passando pela estrada, mas quem dirigia não era Zé Felipe. A pessoa estava de boné, cabeça baixa, impossível de identificar. Mas um detalhe era certo: alguém tinha assumido o controle do veículo naquela noite. Isso mudava tudo. Zé não havia saído de casa com o carro por vontade própria.

O clima que já era tenso virou desespero. E então, quando parecia que nada poderia piorar, o celular de Zé vibrou já na madrugada. Uma mensagem de número desconhecido dizia apenas: “Isso foi só o começo.” Minutos depois, outra mensagem, agora uma foto do local onde a caminhonete havia sido encontrada — e ao lado do veículo, um boné idêntico aos que Zé costumava usar.

Leonardo chegou imediatamente à casa do filho, convocou reforço policial e cercou a propriedade. A busca nos arredores revelou pegadas, um celular descartado e um pingente. Quando Leonardo viu o objeto, seu rosto mudou. Ele sabia de quem era.

O choque final veio sem anestesia: o pingente pertencia a Naldo, ex-assistente de Zé Felipe, demitido meses antes após comportamentos agressivos e crises de ressentimento. Ele conhecia horários, rotinas, caminhos e hábitos da família. Sabia onde Zé estaria, sabia como enganá-lo e sabia exatamente como causar medo.

A polícia rastreou o celular encontrado e confirmou: as mensagens haviam sido enviadas do aparelho de Naldo. Ao amanhecer, ele foi encontrado em uma pousada, tentando fugir. Foi preso sem resistência.

Com a confirmação, o alívio chegou — mas não sem deixar marcas profundas. A sensação de ter sido observado, seguido e manipulado por alguém tão próximo deixou todos abalados. A família se reuniu na varanda enquanto o sol nascia, tentando digerir o que tinha acontecido. O pesadelo tinha terminado, mas o trauma permaneceria.

Zé Felipe olhou para o horizonte e sussurrou: “Que isso nunca mais se repita.” Leonardo colocou a mão em seu ombro. “Acabou”, respondeu. “Ele tentou te derrubar, mas caiu sozinho.”

E assim terminou uma das noites mais tensas da vida da família. Não por obra de um desconhecido, mas de alguém que um dia fez parte do círculo mais íntimo deles. Uma lembrança dolorosa de que, às vezes, o verdadeiro perigo não vem de longe — vem silencioso, de onde menos se espera.