Foi mais do que uma troca de coroa. Foi um ritual de passagem. Uma noite em que o samba se misturou com emoção, tradição e o início de um novo capítulo. No coração de Duque de Caxias, a quadra da Grande Rio se tornou palco de um espetáculo inesquecível: a despedida da icônica Paolla Oliveira como rainha de bateria e a coroação de Virgínia Fonseca, que chega para ocupar um dos postos mais cobiçados — e exigentes — do carnaval brasileiro.

A atmosfera era de celebração, mas também de despedida. Paolla, que durante anos representou com elegância e potência a força da mulher brasileira no samba, fez sua última aparição como rainha com um discurso de partir o coração: “A Grande Rio virou minha casa. E a gente não vai embora de casa. Hoje não é um fim, é uma transformação.” Com a voz embargada, ela anunciou o nome da nova rainha com orgulho — e um toque de ternura: “Chamo com muito carinho, de verdade, Virgínia.”

E foi nesse momento que a emoção tomou conta. Virgínia entrou visivelmente nervosa, sem esconder que aquele era um dos momentos mais importantes — e assustadores — da sua trajetória. “Eu tô muito nervosa, muito feliz… Eu escrevi tudo o que queria dizer porque não conseguiria falar de cabeça”, disse antes de começar a leitura do discurso que preparou. Palavras sinceras, ditas entre pausas, lágrimas e sorrisos contidos. O público, emocionado, acompanhava cada frase com atenção e carinho.

“Hoje começa oficialmente uma nova etapa na minha vida. É um mundo novo, mas eu estou 100% disposta a aprender. Acredito que todos têm um começo, e esse é o nosso”, declarou. Mais do que humildade, o que Virgínia mostrou ali foi respeito. Respeito pelo posto que assumia, pela história da escola e pela cultura do samba.

Em meio aos gritos de “rainha” que ecoavam pela quadra, Virgínia tentou se soltar. Dançou, sambou, interagiu com os ritmistas, sorriu. Mesmo com a tensão visível, a entrega foi total. A emoção era real, e isso bastou para que ela conquistasse aplausos — tanto de quem estava ali, quanto de quem assistia pelos vídeos nas redes sociais.

A comoção foi tanta que até sua mãe, aos prantos, subiu ao palco para dar um recado comovente à filha: “Você nasceu lá de baixo. E olha onde você chegou. Eu sei que você nunca imaginava isso. Mas você merece. Você contagia as pessoas. Você ilumina.” Foram palavras que encerraram a noite com um tom ainda mais íntimo e humano, e que deixaram muitos fãs às lágrimas.

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Na internet, a repercussão foi imediata. A coroação de Virgínia se tornou um dos assuntos mais comentados da noite. Muita gente elogiou a postura da influenciadora, destacando a coragem de enfrentar um novo desafio com tanta transparência. Outros destacaram a ousadia da Grande Rio ao apostar em alguém que, embora inexperiente no samba, carrega consigo milhões de seguidores e um histórico de superação e entrega.

Claro, houve também críticas. Em um ambiente tradicional como o carnaval, mudanças sempre dividem opiniões. Mas o que ficou evidente naquela noite foi que Virgínia não chegou para ocupar um posto apenas com fama. Ela chegou com sede de aprender, com respeito ao lugar e com a disposição de se doar. E isso, para muitos, vale mais que qualquer coreografia perfeita.

A saída de Paolla foi digna de uma estrela. E sua generosidade ao passar a faixa selou o espírito daquela noite: o de acolhimento. Ao invés de rivalidade, o que se viu foi apoio. Ao invés de comparação, houve reconhecimento. Paolla foi aplaudida de pé, não apenas por sua trajetória, mas por ter encerrado seu ciclo com dignidade, emoção e empatia.

Virgínia, por sua vez, sai dessa noite com uma missão enorme pela frente. Até o carnaval de 2026, ela terá tempo para treinar, se envolver com a comunidade, mergulhar na cultura da escola e provar, no ritmo do tamborim, que é possível ser rainha no corpo, no espírito e no coração.

E se depender do que foi visto nessa primeira noite, ela já começou com a nota máxima em algo que não se ensina: autenticidade.