10 BANDIDOS DO CV VÃO PARA PRESÍDIOS FEDERAIS I MEGAOPERAÇÃO PENHA E ALEMÃO

INTRODUÇÃO
Na manhã do dia 28 de outubro de 2025, o estado do Complexo do Alemão e do Complexo da Penha — zonas norte da cidade do Rio de Janeiro — foi palco da maior operação policial da história estadual, com a participação de cerca de 2.500 agentes em cumprimento de centenas de mandados contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV).
O balanço da chamada Operação Contenção revelou dezenas de presos, mortos, armas apreendidas — e, após a ação, o governo solicitou ao governo federal a transferência de dez lideranças do CV para presídios federais, como medida de contenção de poder desses criminosos mesmo encarcerados.
Neste artigo, vamos detalhar o que foi essa megaoperação, quem são os alvos, como funcionou a transferência para presídios federais e qual o significado para a segurança pública no Rio de Janeiro.

CONTEXTO E DESENHO DA OPERAÇÃO
A Operação Contenção teve início nas primeiras horas da manhã e envolveu um forte aparato de segurança. Foram mobilizados agentes da polícia civil, militar, operações especiais, inteligência e unidades de elite, além de uso de veículos blindados, helicópteros e drones.
O foco principal eram os 26 conjuntos de comunidades que formam os complexos do Alemão e da Penha, onde o Comando Vermelho mantém presença consolidada e cujo domínio territorial vinha sendo ampliado.
Confrontos intensos marcaram a ação: criminosos ergueram barricadas em incêndio, dispararam armas contra as forças de segurança e lançaram bombas via drones, segundo relatos.
Até aquele momento foi divulgado que 64 pessoas foram mortas (60 suspeitos e 4 policiais) e 81 presas, além da apreensão de 93 fuzis.
Diante desse quadro, o governador do estado solicitou à União a transferência imediata de dez presos ligados ao CV para presídios federais, apontando-os como autores de ataques mesmo estando presos no sistema estadual.

OS DEZ ALVOS PARA TRANSFERÊNCIA
Foram indicados os seguintes nomes como lideranças da facção que mesmo detidas no sistema prisional fluminense continuavam dando ordens e organizando criminosos:

Wagner Teixeira Carlos, apelidado “Waguinho de Cabo Frio”
Rian Maurício Tavares Mota, “Da Marinha”
Roberto de Souza Brito, “Irmão Metralha”
Arnaldo da Silva Dias, “Naldinho”
Alexander de Jesus Carlos, “Choque/Coroa”
Leonardo Farinazzo Pampuri, “Léo Barrão”
Marco Antônio Pereira Firmino, “My Thor”
Fabrício de Melo de Jesus, “Bichinho”
Carlos Vinícius Lirio da Silva, “Cabeça do Sabão”
Eliezer Miranda Joaquim, “Criam”
A transferência destes dez detentos foi autorizada pelo governo federal em reunião de emergência no Palácio do Planalto.
O governo estadual informou que o número de transferências poderá aumentar mediante nova avaliação de risco e de liderança dentro da facção.

POR QUE PRESÍDIOS FEDERAIS?
A transferência para presídios federais é uma medida considerada de alta segurança — os estabelecimentos federais têm regimes mais rígidos, menor contato entre detentos, melhor controle de comunicação e logística para reduzir a influência de presos sobre o mundo externo.
No caso, o argumento do governo fluminense é que mesmo presos no sistema estadual, esses líderes continuavam articulando confrontos, retaliações e expandindo o poder da facção. A mudança busca neutralizar esse poder de comando.
Essa ação representa, portanto, um reconhecimento de que o enfrentamento ao crime organizado exige não apenas prisões, mas também restrições ao controle que detentos podem exercer de dentro das celas.

IMPACTO NA OPERAÇÃO E NA SOCIEDADE
A megaoperação impactou profundamente a rotina das comunidades. Escolas e unidades de saúde foram temporariamente fechadas, linhas de ônibus desviadas, moradores isolados ou expostos a tiroteios.
No plano mais amplo, o fato de dezenas de fuzis terem sido apreendidos, e lideranças indicadas para transferência, envia um sinal claro de que o estado busca alterar a lógica de poder dentro de territórios até então tidos como controlados pela facção.
Além disso, ao reagir com força à facção e ao público anunciar medidas como a transferência para presídios federais, o governo estadual procura mostrar uma postura firme no enfrentamento ao crime organizado.

DESAFIOS E RISCOS
Apesar das medidas, há vários desafios. Primeiro: as facções continuam com estrutura de comando espalhada, podendo substituir rapidamente lideranças.
Segundo: a pressão sobre moradores das comunidades tende a aumentar, assim como o risco de violações de direitos humanos. A presença massiva da polícia pode gerar consequências negativas para a população local.
Terceiro: a mera transferência de presos não resolve o problema de base — a militarização do crime, o financiamento, a logística de armas e drogas, os territórios abandonados pelo Estado permanecem no cerne da questão.

CONSEQUÊNCIAS PARA O FUTURO
A medida abre precedentes para que o sistema prisional e de segurança pública no Rio de Janeiro funcione com articulação maior entre estado e União.
Também pode aumentar as operações conjuntas, ouvir mais a inteligência e reforçar o aparato de segurança tecnológico e de fiscalização.
Por outro lado, se não vierem políticas sociais, educação, emprego e recuperação estatal de territórios, a facção continuará encontrando espaços para operar.

CONCLUSÃO
A transferência de dez líderes do Comando Vermelho para presídios federais é um passo simbólico e prático dentro de uma megaoperação na Zona Norte do Rio, que buscou dar um golpe significativo numa facção fortemente armada e territorialmente consolidada.
Mas não basta. O enfrentamento ao crime organizado exige continuidade, presença estatal permanente, coordenação entre instâncias federais e estaduais e políticas que vão além do cerco policial. A sociedade, as comunidades e o Estado precisam caminhar juntos para que esse tipo de ação deixe de ser exceção — e se torne parte de uma nova lógica de segurança e convivência urbana.