OPERAÇÃO CONTENÇÃO: O CAPÍTULO MAIS INTENSO DA HISTÓRIA DO RIO

INTRODUÇÃO
No dia 28 de outubro de 2025, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), junto com polícias civil e militar do estado do Rio de Janeiro, deflagrou uma operação de proporções inéditas nos complexos da Complexo do Alemão e da Complexo da Penha, com o objetivo de enfrentar a atuação da facção Comando Vermelho (CV). A ação colocou em evidência não apenas a escala da mobilização policial, mas também a complexidade das táticas, os riscos envolvidos e o impacto direto nas comunidades.

O PLANO E SUA EXECUÇÃO
A operação, chamada de “Operação Contenção”, mobilizou cerca de 2.500 agentes de segurança. Eles utilizaram helicópteros, blindados, drones e o que foi descrito como um “muro do BOPE” — uma linha de contenção articulada para cercar os suspeitos no alto da serra que separa o Alemão e a Penha. As forças especiais iniciaram a ofensiva pelo Complexo do Alemão e depois avançaram para a Penha, forçando os traficantes a recuarem para a mata e áreas de difícil acesso.
Ao longo do dia, trocas intensas de tiros foram registradas, moradores relataram ruas bloqueadas, ônibus incendiados ou desviados, escolas e serviços interrompidos. A sensação de guerra urbana tornou-se tangível.

A TÁTICA DO “MURO DO BOPE”
De acordo com a Secretaria de Segurança, a estratégia consistiu em distribuir tropas em pontos-chave e usar equipes posicionadas no topo da serra para fechar rotas de fuga: os suspeitos foram empurrados para zonas de mata onde equipes do BOPE já estavam à espera. Assim, o cerco foi se fechando de maneira calculada.
Esse tipo de manobra evidencia a mudança de perfil das operações urbanas: não apenas incursões rápidas, mas sombras de inteligência, planejamento territorial e controle de rotas de fuga.

OS RESULTADOS IMEDIATOS
Os números preliminares apontam para 64 pessoas mortas, 81 detidas, dezenas de fuzis apreendidos, toneladas de drogas retiradas de circulação e um impacto que ultrapassa os muros das comunidades afetadas.
Moradores relataram que corpos foram transferidos para matas ou deixados em áreas de difícil acesso, o que elevou a tensão e o receio entre as famílias da região.
A operação provocou fortes repercussões — inclusive no âmbito internacional — sobre os métodos e consequências desse tipo de ação.

RISKS AND CONSEQUENCES FOR COMMUNITIES
Para os residentes dos complexos do Alemão e da Penha, a operação significou dias de suspensão das rotinas: escolas fechadas, trânsito bloqueado, sensação de isolamento. Em muitos casos, pessoas reportaram feridos ou familiares desaparecidos.
Tal mobilização também levanta outros questionamentos: até que ponto o uso intensivo de força contribui para a segurança de longo prazo das comunidades? E qual o equilíbrio entre repressão e proteção dos moradores?

O DESAFIO DA CONTINUIDADE E ESTRATÉGIA
Na prática, a remoção de combatentes ou o rompimento de lideranças representa apenas uma parte do problema. A estrutura logística, o financiamento, os domínios territoriais e as redes de apoio seguem existindo. Especialistas apontam que a grande questão não é apenas “derrubar” o comando, mas desmontar o sistema que permite a facção operar.
Nesse sentido, a operação aponta para dois desafios centrais: a) garantir que os territórios retomados sejam efetivamente controlados e ocupados de forma integrada; b) que políticas sociais e de prevenção acompanhem a ação repressiva para evitar recaídas ou reformas no modelo criminoso.

DECISÕES TOMADAS EM SEGUNDOS
Nos relatos que emergem do local, há exemplos de decisões críticas tomadas em segundos: por exemplo, o fechamento de vias por blindados, o acionamento de drones de observação, a escolha de avançar à madrugada para surpreender — cada movimento envolveu riscos elevados para agentes e civis.
Essas decisões rápidas evidenciam a tensão de operar em ambientes urbanos densos, com população, becos, morros e pontos de fuga. A menor falha de comunicação ou estratégia poderia custar vidas ou permitir a fuga dos alvos.

REPERCUSSÕES POLÍTICAS E DE IMAGEM
A operação foi apresentada pelo governo estadual como uma resposta firme ao avanço do Comando Vermelho e à escalada da violência armada. Porém, também gerou críticas de organizações de direitos humanos e de moradores das periferias, que apontam para o risco de excessos e da morte de inocentes.
O fato de ser considerada a ação mais letal da história do Estado do Rio coloca sob o foco público o modelo de segurança adotado: se é suficientemente eficaz ou se reproduce ciclos de violência com pouco impacto estrutural.

CONCLUSÃO
A operação nos complexos do Alemão e da Penha marca, sem dúvida, um novo capítulo da história do Rio — tanto pela dimensão, quanto pelo tipo de estratégia empregada. Foi uma resposta contundente à atuação da facção, mas também revela o tamanho do desafio que a cidade enfrenta no campo da segurança pública.
Para que essa ação não fique apenas no simbolismo, será necessário que o Estado consolide não só o território retomado, mas a aposta em estratégias de longo prazo, que envolvam ocupação, inclusão social e prevenção. Pois o ruído dos helicópteros e dos blindados pode calar — mas o eco de uma guerra urbana persistente está longe de desaparecer.