Segredos da Tapera Velha: Uma Noite em que o Sertão Sussurrou
Numa noite de lua nova, quando o vento frio parecia carregar vozes do passado, João Benedito decidiu, depois de mais de vinte anos, revelar um segredo que guardava a sete chaves no coração. Sentado na varanda de sua casa de madeira, iluminada apenas pela luz trêmula de um lampião, ele acendeu um cigarro de palha e começou a falar. A voz grave, marcada pelos anos de vida no sertão, soou como um trovão abafado, chamando a atenção de todos que se reuniam para escutar.
“Vocês não vão acreditar no que eu vou contar”, disse ele, passando a mão calejada pelo rosto barbudo. “Mas juro pela alma da minha mãe que cada palavra é verdade. Aconteceu lá pras bandas do sítio do Mandacaru, numa época em que eu ainda era rapaz novo, cheio de coragem boba e pouco juízo na cabeça.”
Era o começo da década de 1990, tempo das chuvas fortes que faziam o chão de terra virar barro grosso. João trabalhava como meeiro para o seu Tertuliano, um homem mais velho que parecia ter saído de outro século. Dono de terras que se estendiam por três municípios, Tertuliano era de poucas palavras e muitos mistérios. Os olhos sempre semicerrados, como se estivesse desconfiado de tudo, davam a impressão de que ele sabia mais do que deixava transparecer.
A mulher dele, dona Conceição, havia morrido cerca de cinco anos antes, vítima de uma doença estranha que nem os médicos da cidade conseguiram diagnosticar. “Foi definhando aos poucos, perdendo peso e cor, até amanhecer sem vida na cama”, contou João, balançando a cabeça como quem tenta espantar lembranças ruins. Mas, como ele mesmo disse, não era dela que pretendia falar, e sim da tapera velha, uma casinha de adobe abandonada nos fundos da propriedade, bem na divisa com um sítio esquecido da família Medeiros.
Era uma construção pequena, de paredes rachadas e telhado quase desabando. A porta de madeira, carcomida pelo tempo, batia com o vento e emitia um rangido seco que ecoava na mata. “Ninguém se atrevia a chegar perto depois do escuro”, disse João, tragando fundo o cigarro. A primeira vez que viu aquela tapera foi numa manhã de domingo, quando seu patrão o mandou buscar umas vacas perdidas. Curioso, João perguntou a Tertuliano de quem era aquela casa. O velho apenas resmungou algo sobre gente que “foi embora há muito tempo” e encerrou o assunto.
As semanas passaram e João seguia sua rotina de trabalho: acordava antes do galo cantar, cuidava do gado, plantava milho e feijão, e só voltava para casa quando o sol desaparecia atrás da serra. Mas toda vez que passava perto da tapera, um arrepio frio percorria sua espinha, como se dedos invisíveis lhe tocassem a nuca. Era uma sensação estranha, quase como se a terra ali guardasse um segredo antigo, pesado demais para ser revelado.
Foi numa quinta-feira que tudo começou a mudar. Ao retornar do pasto, já quase noite, João ouviu um som vindo da direção da tapera: algo arrastando pelo chão de terra batida, pesado e ritmado, como se alguém estivesse movendo um corpo ou um objeto grande. “Pensei que podia ser um animal ferido”, disse ele, baixando a voz como quem compartilha um segredo perigoso. Movido mais pela curiosidade do que pela coragem, decidiu se aproximar.
À medida que chegava perto, o barulho cessou abruptamente. O vento parecia carregar o silêncio da mata, quebrado apenas pelo pio distante de uma coruja. João ficou parado, esperando, mas nada mais se moveu. Quando já pensava em ir embora, a porta da tapera se abriu sozinha, lentamente, fazendo um rangido comprido que lhe arrepiou até a alma.
“Não tinha ninguém do outro lado”, contou ele, os olhos perdidos na escuridão além da varanda. “Só o breu completo… e um cheiro estranho, de coisa velha, mofo misturado com algo que eu não conseguia identificar.” Perturbado, voltou para casa sem contar nada a ninguém, imaginando que poderia ter sido apenas cansaço ou imaginação.
Na noite seguinte, porém, os sons retornaram — mais fortes, mais próximos. Dessa vez não era apenas o arrastar de algo pesado, mas passos lentos e pesados, caminhando de um lado para o outro dentro da tapera. João, tomado por um medo instintivo, se escondeu atrás de uma árvore e ficou ali, imóvel, escutando. O coração batia tão alto que ele jurava que poderia ser ouvido a metros de distância.
Quando finalmente voltou para casa, sua esposa Benedita percebeu que algo estava errado. Mulher de intuição aguçada, ela o interrogou até que João confessou o que vinha ouvindo. “Ela ficou pálida na hora”, relembrou ele. “Disse para eu não me meter com essas coisas, que lugar abandonado sempre guarda histórias que a gente não entende.” Mas João, jovem e teimoso, sentiu a curiosidade aumentar ainda mais.
Nos dias seguintes, os barulhos se repetiram. Certa noite, sem aguentar a dúvida, João decidiu se aproximar novamente. Com o lampião em mãos, caminhou devagar, o coração acelerado. Ao chegar, encontrou a porta da tapera novamente entreaberta, balançando com o vento. Empurrou-a com cuidado e entrou.
O interior da casa era ainda mais assustador do que ele imaginava: paredes cobertas de fungos, móveis velhos cobertos de poeira e marcas no chão como se algo pesado tivesse sido arrastado repetidas vezes. No canto, uma mancha escura no piso de barro parecia sangue antigo. O cheiro era sufocante, um misto de terra molhada, madeira podre e algo indefinível, quase metálico.
Foi então que um frio inexplicável tomou conta do ambiente. O lampião tremeluziu, projetando sombras que pareciam ganhar vida. João sentiu uma presença atrás de si. Virou-se rápido, mas não havia ninguém. O silêncio era tão profundo que ele podia ouvir o próprio coração batendo. “Foi quando percebi que não estava sozinho”, disse ele, com a voz embargada.
Sem pensar duas vezes, João correu para fora, deixando o lampião cair no chão. A chama apagou-se, mergulhando tudo em escuridão total. Ele só parou de correr quando alcançou a cerca de arame que marcava a divisa das terras. Lá, ofegante, olhou para trás e viu — ou achou que viu — uma sombra parada na porta da tapera, imóvel, como se o observasse.
Depois daquela noite, João nunca mais se aproximou do lugar. Pouco tempo depois, seu Tertuliano vendeu as terras e desapareceu da região sem deixar rastros. A tapera, dizem os moradores, continua lá, cada vez mais tomada pelo mato, mas ainda intacta o suficiente para que alguns curiosos tentem se aventurar — poucos voltam dispostos a falar do que viram.
João Benedito terminou seu relato com um olhar sério, como quem carrega um fardo que jamais poderá ser totalmente compartilhado. “Eu não sei o que tinha naquela casa, nem quero saber. Só sei que, naquela noite, o sertão me mostrou que tem mistérios que é melhor a gente deixar quieto.”
O lampião tremulou mais uma vez, projetando sombras dançantes na parede, enquanto o silêncio pesado da noite parecia confirmar cada palavra.
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