O estúdio estava silencioso, iluminado por luzes baixas que pareciam refletir a tensão no ar. Léo Dias, jornalista experiente, observava atentamente. Naquele momento, não havia apenas números de audiência ou vitrines de cosméticos; havia Virgínia, pronta para revelar algo que nunca havia contado. “Eu nunca contei isso para ninguém”, disse, ajeitando o microfone e encarando o jornalista, a frase caindo como um peso na atmosfera.

Desde a estreia de “Sabadou com Virgínia” no SBT, em 6 de abril de 2024, a influenciadora experimentou uma ascensão meteórica. Com games, musicais e entrevistas, conquistou o horário nobre e revolucionou a disputa de audiência. Virgínia lembra da ansiedade, da pressão e da emoção de ter seu nome iluminado em um palco que celebrava seus 25 anos — um momento ao mesmo tempo lindo e assustador.

Paralelamente, sua marca, Ai Pink, fundada em 2021, tornou-se sinônimo de live commerce agressivo. Lançamentos seguidos e metas audaciosas projetaram a empresa para a Casa do Bilhão em 2025. Mas, como Virgínia explica, por trás de cada “sold out” há reuniões madrugada adentro, erros, retrabalho e uma sensação constante de culpa.

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A fama trouxe exposição intensa. Cada ação, cada gesto, tornou-se público. A pressão das redes sociais e da crítica constante afetou profundamente sua rotina, especialmente durante o pós-parto de setembro de 2024, quando o nascimento de seu filho José Leonardo virou notícia nacional. “Eu tinha medo de dormir e acordar cancelada por qualquer coisa”, confessou. E completou: “Eu não sou indestrutível. Eu sou alguém tentando acertar no palco, no escritório e em casa.”

O relato se intensifica ao tocar na maternidade. Virgínia recorda Maria Alice, nascida em 30 de maio de 2021, Maria Flor, 22 de outubro de 2022, e José Leonardo, 8 de setembro de 2024. Cada data, uma lembrança de festas, crises e escolhas que se transformaram em pautas de notícias. “Eu sempre rezei para acertar mais do que errar”, disse, mostrando a responsabilidade de criar filhos sob holofotes.

Virgínia também comentou sobre seu depoimento na CPI das Bets, no Senado, em maio de 2025. Ela optou por não divulgar valores contratuais e destacou a linha tênue entre marketing e responsabilidade. “Eu não vou romantizar nada. Fui, falei o que tinha que falar e aprendi com a pancada”, afirmou.

A confissão mais profunda veio quando revelou momentos de fragilidade intensa. Na madrugada entre fevereiro e março de 2024, durante os ensaios de seu programa, ela chorou escondida no banheiro, paralisada pelo medo de não dar conta. A sensação voltou após o nascimento de José Leonardo: “Eu tinha medo de dormir e acordar cancelada por qualquer coisa”, repetiu, reforçando o peso emocional da exposição constante.

A trajetória de Virgínia começou em Goiânia, em 1999, com vídeos simples sobre cabelo e maquiagem no YouTube. Sem equipe ou estratégia, seu diferencial sempre foi a autenticidade. Mas o sucesso trouxe crises de ansiedade e noites mal dormidas. “No auge, em 2022, eu dormia 2 a 3 horas por noite. Achava que se parasse um dia, tudo ia desmoronar”, contou. A terapia, a fé e o apoio da família tornaram-se fundamentais para equilibrar corpo e mente.

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Sobre a vida pessoal, Virgínia revelou o lado humano do relacionamento com Zé Felipe, iniciando em 2020, entre exposição e turbulência. “Não é a fama que destrói um relacionamento, é o orgulho”, disse. E acrescentou: “Já tive tudo e mesmo assim me senti vazia. Foi quando percebi que precisava reencontrar minha fé. Fui criada na igreja, mas havia deixado Deus em segundo plano.”

O relato se aprofundou na rotina profissional intensa: erros em lançamentos, pressão com investidores, cobrança da equipe e responsabilidade de ser o rosto público de cada campanha. “Mesmo com centenas de pessoas envolvidas, o erro vira erro da Virgínia. Mais do que deveria”, explicou. Durante os preparativos de seu programa, chegou a passar três dias sem dormir, chorando no camarim quando algo não saía perfeito.

A fama também afetou suas amizades. Alguns amigos se afastaram, outros se aproximaram apenas por interesse. Hoje, confia apenas em sua mãe, no Zé e em Deus. O sucesso, segundo Virgínia, isola e cobra um preço emocional elevado. Apesar disso, ela mantém a determinação de usar sua voz para inspirar outras pessoas, especialmente mulheres que acompanham sua trajetória.

Ao final da entrevista, Virgínia resumiu seu aprendizado: sucesso não garante felicidade ou paz; equilíbrio emocional exige coragem, fé e perseverança. Ela revelou que nem tudo deve ser compartilhado nas redes sociais: algumas experiências são pessoais, íntimas, reservadas apenas para ela e sua fé. Léo Dias, emocionado, reconheceu a raridade daquela sinceridade. O público testemunhou a Virgínia real — uma mulher que, apesar de bilionária e famosa, enfrenta medos, dúvidas e cansaço, mas segue firme, movida por amor, família e propósito.