Henrique Monteiro sempre foi sinônimo de poder e sucesso. Aos 42 anos, ele era dono de uma das maiores redes de hotéis de luxo do Brasil, presença constante em capas de revistas e colunas sociais. Apesar da vida repleta de prestígio, Henrique guardava uma dor silenciosa: a perda de sua esposa Clara, cinco anos antes. Desde então, dedicou-se inteiramente à filha única, Isabela, uma garotinha doce de apenas 9 anos que, para ele, era tudo.

Mesmo com uma agenda cheia de compromissos e viagens internacionais, Henrique sempre encontrava tempo para estar com Isabela. Ele fazia questão de voltar para casa só para ouvir as histórias da escola ou brincar de quebra-cabeça no chão do quarto. A menina crescia cercada de amor, mas sem excessos. Essa simplicidade vinha não apenas da criação do pai, mas também da presença constante e carinhosa de Mariana, a babá que estava com ela desde os dois anos.

Mariana, com seus 27 anos, formada em pedagogia, havia conquistado um lugar especial na rotina e no coração da pequena família. Seu jeito tranquilo, atento e amoroso transformou o dia a dia de Isabela — e, silenciosamente, também o de Henrique. Para ele, Mariana era muito mais do que uma funcionária: era parte da família.

Mas a pressão social começava a rondar a vida do viúvo. Mulheres ricas, belas e influentes disputavam sua atenção — todas com interesse em mais do que apenas o homem. Patrimônio, status e projeção social pesavam na balança. Entre elas estavam Lívia Albuquerque, empresária de estética; Renata Prado, herdeira de vinícola; Camila Fontes, influenciadora digital milionária; e Beatriz Teles, uma renomada empresária da moda.

Cansado de tanto assédio, Henrique decidiu fazer algo diferente. Em um domingo ensolarado, durante o café na varanda da mansão, chamou a filha para uma conversa séria. Com carinho e cuidado, explicou que pensava em encontrar uma nova esposa, não apenas para si, mas para que Isabela tivesse uma figura materna novamente.

Mas ele não queria decidir sozinho. Henrique pediu à filha que o ajudasse a escolher, conhecendo melhor as mulheres interessadas e dando sua opinião sincera. Isabela, surpresa, questionou se poderia dizer “não” a todas. Henrique, sem hesitar, prometeu: “Se você não gostar de nenhuma, não escolhemos ninguém.”

O desfile de pretendentes começou.

A primeira foi Lívia, que chegou com vestido reluzente e um presente requintado: uma boneca de porcelana, tão frágil que Isabela mal quis tocar. Durante o jantar, Lívia falou apenas com Henrique, ignorando a menina. À noite, Isabela desabafou com Mariana: “Ela nem olhou nos meus olhos.”

Depois veio Renata, elegante, cheia de histórias sobre viagens e conquistas. Trouxe chocolates finos, tentou agradar, mas também só falava de si. A menina, mesmo apreciando o presente, sentiu a distância no olhar.

Camila, a terceira, parecia ter vindo direto de um estúdio. Trouxe maquiadores e câmeras, queria gravar vídeos com a menina para as redes sociais. Isabela fugiu das lentes, constrangida. “Ela só quer mostrar que está aqui”, disse à babá, decepcionada.

Por fim, Beatriz, dona de grife, levou Isabela ao closet e tentou vesti-la com roupas caras. “Você precisa aprender o valor da aparência”, disse ela. A menina obedeceu, mas se sentiu sufocada.

Em todas as visitas, Isabela via mulheres tentando conquistar o pai — não a ela. Até que, certa noite, tomou coragem e procurou Henrique em seu escritório. Com os olhos cheios de verdade, disse:

— Papai, eu já conheci todas. E eu não gostei de nenhuma.

Henrique ficou surpreso. Tentou entender. A filha foi direta:

— Todas querem você. Mas nenhuma quer a mim.

Aquelas palavras tocaram fundo. O viúvo percebeu que a sensibilidade da filha enxergava o que ele não queria admitir. Mas foi o que veio depois que mudou tudo.

— Eu já tenho a mãe que eu quero, papai… Eu quero que a Mariana seja minha nova mãe.

O silêncio foi absoluto. Henrique sentiu o coração acelerar. Mariana? Aquela que sempre esteve ali, do lado deles? Ele nunca havia considerado isso com seriedade — até agora.

Nos dias seguintes, passou a observar Mariana com outros olhos. Cada gesto simples com Isabela, cada palavra doce, cada presença constante. Mariana era o coração daquela casa.

E numa noite calma, no jardim da mansão, ele a chamou para conversar.

— Mariana — disse, com a voz embargada —, você deu à minha filha um amor que nem eu conseguiria sozinho. E é por isso que… eu queria saber se você aceita ser mais do que a babá da minha filha. Aceita ser a mulher da minha vida?

Mariana, surpresa, chorou. E disse sim.

Meses depois, a mansão Monteiro foi palco de um casamento íntimo, com poucos convidados e muito sentimento. Isabela entrou sorrindo, levando as alianças. Ao entregá-las a Mariana, sussurrou:

— Eu disse que você seria a minha nova mãe.

Mariana chorou, Henrique se emocionou. E ali, naquele instante, formou-se uma nova família. Não unida por aparências, interesses ou status. Mas pelo amor mais verdadeiro que pode existir.