Maria Alice é daquelas crianças que carregam nos olhos uma luz difícil de esquecer. Com sua curiosidade viva e sensibilidade única, sempre foi o coração pulsante da casa. Mas desde a separação dos pais, Zé Felipe e Virgínia, o brilho no olhar deu lugar a um vazio silencioso, difícil de entender para alguém tão pequeno. Era como se algo tivesse se perdido, mesmo sem ela saber exatamente o quê.

A ausência do pai preencheu a casa com um silêncio estranho. A cadeira vazia à mesa, o boné esquecido no canto do sofá, o perfume que insistia em aparecer no ar – tudo lembrava ele. À noite, ela pedia à mãe que colocasse vídeos antigos para assistir antes de dormir, numa tentativa de sentir o pai mais perto. Virgínia, por sua vez, lutava para manter a casa leve para os três filhos pequenos: Maria Alice, Maria Flor e o bebê Zé Leonardo. Entre brincadeiras e risos forçados, escondia suas próprias lágrimas em momentos solitários.

Mas foi nesse cenário de saudade que algo inesperado aconteceu: um convite. Zé Felipe sugeriu uma viagem à praia com toda a família, mesmo separados. Um gesto de carinho, um respiro no meio da dor. Todos aceitaram.

E, por alguns dias, o impossível aconteceu. As crianças corriam na areia, riam alto, brincavam com o pai como se o tempo tivesse voltado. À noite, ele contava histórias ao redor de uma fogueira improvisada. Maria Alice chegou a dizer: “Queria morar aqui com todo mundo pra sempre.” Aquela frase ficou gravada no coração de Zé Felipe, como uma promessa que ele não sabia se poderia cumprir.

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Mas tudo que é mágico tem hora para acabar. O retorno foi silencioso. Na chegada, o pai ajudou a descarregar as malas, beijou cada filho com um sorriso triste e foi embora. O som do trinco da porta ao se fechar pareceu ecoar no coração de Maria Alice. A cadeira continuava vazia. O cheiro do café da manhã não era mais o mesmo. E a ausência, antes apenas temporária, começava a tomar forma de rotina.

Cada filho sentia falta à sua maneira. Maria Flor perguntava quando o pai voltaria para contar mais histórias da praia. Zé Leonardo, ainda bebê, balbuciava “papai” ao ver fotos. Maria Alice sentia o vazio no silêncio, nos brinquedos, nas histórias não contadas. Virgínia fazia o possível para manter a casa funcionando, mas até ela precisava de momentos para chorar escondida atrás da porta fechada do quarto. E Maria Alice via tudo, mesmo sem entender completamente.

Foi então que a avó Poliana apareceu. Com sua voz suave e abraços cheios de amor, ela trouxe um novo ar para dentro daquela casa cansada de silêncios. Sentou-se ao lado da neta e fez apenas uma pergunta: “Você está com saudade do seu pai, meu amor?” Maria Alice apenas assentiu, os olhos cheios de lágrimas. E então ouviu uma frase que mudou tudo: “Saudade é o nome do amor que continua aqui, mesmo quando a pessoa está longe.”

Aquelas palavras foram como mágica. Pela primeira vez, Maria Alice não tentou esconder a dor. Decidiu expressá-la. Pegou papel, lápis de cor, e começou a desenhar. Primeiro, ela e o pai caminhando na praia de mãos dadas. Depois, ele contando histórias na hora de dormir. A cada desenho, um pedacinho do coração era aliviado. Era a saudade se transformando em esperança.

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Com ajuda da avó, encontrou uma caixinha de madeira e a pintou com estrelas, corações e o nome: “Meus sonhos com o papai.” Ali, guardava cada desenho como se fossem bilhetes de amor. A cada saudade, um novo traço. Um passeio de bicicleta, panquecas no café da manhã, uma história contada ao pé da cama. A casa ainda tinha silêncios, mas agora também tinha cor.

E então, numa manhã como outra qualquer, um som diferente cortou o silêncio: o arrastar de uma mala. Maria Alice reconheceu na hora. Saiu correndo, o coração disparado. E lá estava ele. Zé Felipe. De volta.

Sem dizer nada, ela o abraçou com toda a força que uma criança pode ter. Ele se abaixou e retribuiu o abraço como quem segura o mundo inteiro nos braços. O reencontro foi cheio de lágrimas, risos atropelados e beijos espalhados. E então, Maria Alice correu até seu quarto, voltou com a caixinha e a entregou ao pai: “Eu fiz isso enquanto você estava longe. São os momentos que eu sonhei viver com você quando você voltasse.”

Zé Felipe abriu a caixinha e, ao ver os desenhos, chorou. Cada folha era um pedido silencioso de amor. Ele prometeu que iriam realizar todos, um por um. E começaram ali mesmo, com o primeiro: café da manhã com panquecas. A casa se encheu de vozes, risadas e o som da vida voltando.

Antes de dormir, já de pijama, Maria Alice sussurrou para a mãe: “Hoje foi o melhor dia.” Virgínia sorriu, beijou sua testa e respondeu: “E amanhã vai ser ainda melhor.” A saudade não acabou. Mas agora tinha forma, tinha propósito. E a caixinha de sonhos começava, enfim, a se encher de memórias reais.