Naquela tarde escaldante de verão, Alejandro Duarte saía confiante do restaurante mais exclusivo da cidade. Vestia um terno impecável, sapatos brilhando como espelhos e o relógio suíço refletindo o sol em flashes que cegariam qualquer distraído. Com dois guarda-costas ao lado e a imprensa tentando arrancar cliques de sua figura imponente, tudo indicava mais um dia de vitória para o empresário mais temido — e odiado — do país.

Ele acabara de fechar um negócio multimilionário que o consolidava ainda mais no topo do império que construiu sozinho, sem ninguém. Pelo menos era isso que gostava de acreditar… até que, por um capricho do destino, tudo mudou.

Do outro lado da rua, entre os passos acelerados e os flashes das câmeras, uma figura trêmula chamou sua atenção. Ao se virar, o mundo pareceu parar: era Laura.

A mulher que ele não via há quatro anos, desde a noite da separação marcada por gritos, mágoas e um amor que parecia não sobreviver ao peso do orgulho e das escolhas. Laura, agora visivelmente grávida, com o rosto abatido, o olhar perdido e os passos vacilantes.

Antes que Alejandro pudesse reagir, ela desabou no chão. Caiu como se o mundo tivesse desmoronado sobre ela. O choque foi imediato. Os fotógrafos continuaram registrando, curiosos filmavam, mas Alejandro, movido por algo maior do que qualquer negócio, correu. Quebrou todas as regras que seguia com rigor: não demonstrar fraqueza, não se expor. Mas ali não havia mais o bilionário. Havia apenas um homem que via a mulher que amava ruir diante de seus olhos.

Sem esperar ajuda, a tomou nos braços e ordenou que a levassem ao Hospital San Rafael. Durante o trajeto, o silêncio entre eles era preenchido por lembranças de noites que jamais esqueceria. Mas o que mais doía era vê-la naquele estado. Frágil. Assustada. E grávida.

No hospital, os médicos agiram rápido. Laura estava desidratada, estressada, mal alimentada. Alejandro ouviu o diagnóstico com o peito apertado, como se cada palavra fosse uma facada. Quando finalmente a viu no leito, ligada ao soro, dormindo, seu coração se partiu. Pegou sua mão, silenciosamente, até que um sussurro partiu o silêncio: “Alejandro”.

E então tudo se tornou ainda mais sombrio.

Laura chorava. Murmurava que ele não deveria tê-la visto assim. Que não entenderia. Mas o que mais chocou Alejandro foi o hematoma escuro em seu pulso — sinais claros de algo que não era apenas cansaço. Antes que pudesse fazer perguntas, um homem entrou no quarto.

Era um estranho, mas bastava um olhar para sentir a ameaça. Traje escuro, cicatriz no rosto, e uma frase que gelou o sangue de Alejandro: “Espero que não esteja pensando em se meter no que não é da sua conta, Duarte”.

Laura apertou a mão de Alejandro com força, como quem suplicava por proteção. A verdade finalmente se impunha: Laura não estava apenas doente. Estava presa. Assustada. Sendo controlada. E o bebê… poderia ser dele.

A revelação caiu como um raio: “Nosso bebê”, disse Laura, com lágrimas nos olhos. Aquilo mudou tudo.

Alejandro não era mais apenas um homem poderoso. Agora, era pai. E alguém havia machucado a mãe de seu filho. Aquilo não seria perdoado.

A guerra estava declarada, silenciosa, mas brutal. O homem que sempre usou o medo e o dinheiro para vencer agora tinha algo que jamais pensou ter novamente: amor. E dessa vez, não perderia. Não por orgulho. Não por vaidade. E definitivamente, não por medo.

Se aquele estranho pensava que poderia continuar controlando Laura, estava prestes a conhecer a fúria de um homem que já não tinha mais nada a perder — e tudo a proteger.