O que era para ser apenas uma residência de luxo temporária se transformou em um verdadeiro pesadelo para Bruna Biancardi, influenciadora digital e esposa do jogador Neymar. Morando em uma mansão alugada em Cotia, na Grande São Paulo, Bruna descobriu que estava sendo vigiada dentro da própria casa — e não apenas por câmeras de segurança, mas por um sistema que captava vídeos e áudios de forma contínua, supostamente sob controle do proprietário do imóvel.

A revelação veio à tona após desentendimentos entre Bruna e o locador, inicialmente motivados por discussões sobre regras da casa, como a presença de seus cachorros em móveis. A discussão evoluiu para algo muito mais grave: o proprietário teria confessado, em mensagens, que mantinha o acesso às câmeras da residência mesmo após a locação, alegando ser uma medida de segurança “para a própria família”.

O caso, divulgado com exclusividade pelo portal Leo Dias, rapidamente gerou revolta nas redes sociais e entre os fãs da influenciadora. Segundo documentos obtidos pelo site, Bruna percebeu que havia algo errado e confrontou o proprietário, que chegou a admitir que mantinha o monitoramento por vídeo e áudio do local. Prints de conversas entre os dois reforçam as acusações, mostrando que o locador não apenas sabia do funcionamento das câmeras, como afirmava ter feito isso deliberadamente.

Um dos suspeitos pela ação criminosa, que é vizinho da influenciadora, já foi preso pela Guarda Civil Municipal, enquanto os demais fugiram com bolsas de grife, relógios e joias. -  (crédito: Reprodução/ Instagram)

O aluguel da mansão custava R$ 41 mil por mês. Quando Bruna tentou rescindir o contrato de forma amigável, recebeu um “não” da imobiliária. Sem alternativa, ela deixou o imóvel por conta própria, acusando o proprietário de conduta desleal. Na Justiça, Bruna agora pede a devolução de aproximadamente R$ 140 mil — referentes aos valores pagos no início do contrato — e uma indenização por danos morais de R$ 10 mil.

A defesa do locador afirma que tudo foi resolvido extrajudicialmente em maio de 2025, e que não há mais processo em andamento. No entanto, o processo segue com movimentações na Justiça até pelo menos julho, o que indica que ainda há questões pendentes.

O delegado Thiago Dorigo, ouvido por um programa de TV, foi direto ao ponto: o proprietário não tinha direito algum de manter câmeras em funcionamento dentro da residência alugada, muito menos de captar áudios. Segundo ele, o Código Penal prevê punição para registros não autorizados de intimidade sexual (Art. 216-B), com pena de seis meses a um ano de prisão — além de potenciais crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente, caso menores tenham sido captados nas imagens.

“Se essas câmeras filmam alguém dentro da intimidade, como saindo do banho, dormindo ou em situações íntimas, já se configura crime”, explicou o delegado. Além disso, qualquer tipo de captação feita sem consentimento explícito e documentado é considerada ilegal. O uso do argumento de “segurança da família” perde completamente o sentido, já que o proprietário não morava mais na residência.

Bruna Biancardi reage a assalto: "Os envolvidos estão a ser encontrados"

Outro ponto levantado foi o risco da divulgação dessas imagens. Caso tenham sido armazenadas em nuvem, elas podem facilmente ser compartilhadas ou vazadas, o que agrava ainda mais a gravidade da situação. A própria empresa responsável pelo monitoramento também teria acesso aos conteúdos gravados, o que adiciona mais uma camada de vulnerabilidade.

Há ainda um aspecto civil na questão: mesmo que não se configure crime penal, a invasão de privacidade já é suficiente para gerar um dano moral e, consequentemente, uma indenização. O delegado reforçou que é direito do locador realizar vistorias periódicas mediante aviso prévio, mas jamais instalar ou manter câmeras e microfones escondidos ou ativos sem consentimento.

O caso de Bruna Biancardi joga luz sobre uma prática preocupante e cada vez mais comum: a vigilância não autorizada em imóveis alugados. Com a popularização de aluguéis por temporada e plataformas como Airbnb, esse tipo de invasão se tornou um risco real. Em muitos casos, o locatário sequer imagina que está sendo observado.

Bruna Biancardi processa locatário de imóvel por stalking; equipe se  pronuncia

Bruna, por ser uma figura pública e esposa de um dos atletas mais famosos do mundo, ainda conseguiu trazer atenção para o caso. Mas quantas outras pessoas, anônimas, não passam por isso sem sequer perceber?

Por enquanto, não se sabe ao certo se todas as imagens e áudios foram apagados ou onde foram armazenados. Mesmo que a situação tenha sido aparentemente resolvida com um acordo, o estrago emocional e psicológico já estava feito. Afinal, quem se sentiria confortável ao descobrir que foi monitorado dentro do próprio lar, sem saber exatamente o que foi capturado — e por quem?

Enquanto aguardamos o desfecho final na Justiça, fica um alerta importante: sempre que for alugar um imóvel, especialmente por períodos longos, questione sobre a presença de câmeras e solicite, se possível, que qualquer equipamento do tipo seja desativado ou removido. Intimidade e segurança não são um luxo — são direitos básicos.