Bruna Marquezine cresceu diante das câmeras. Desde pequena, encantava o público com personagens doces, leves e sempre cativantes. Mas, em 2018, ela decidiu desafiar a si mesma e assumir um novo papel: a primeira vilã da carreira. A personagem Catarina, da novela Deus Salve o Rei, era ambiciosa, fria e manipuladora. Era a grande virada que Bruna esperava. Mas o que veio, na verdade, foi um dos momentos mais difíceis de sua trajetória.

Logo nos primeiros capítulos, a recepção do público foi dura. Muito dura. A atuação de Bruna passou a ser criticada por parecer “robótica” e “sem emoção”. A rejeição foi rápida e barulhenta. E, para alguém que cresceu sendo amada pelos telespectadores, isso bateu forte. Forte o suficiente para abalar não só sua confiança como atriz, mas também sua saúde emocional.

Anos depois, Bruna abriu o coração e contou o que realmente viveu durante aquele período. Disse que chegava ao estúdio sem vontade de gravar, sentava no chão da portaria com o crachá na mão e chorava. Não queria entrar, mas também não tinha forças para voltar para casa. Estava em colapso. Um sentimento de estar “desencaixada” do próprio papel, de não se reconhecer naquela personagem.

Mesmo com os diretores afirmando que ela estava indo bem, Bruna não conseguia acreditar. Se sentia deslocada, insegura, como se estivesse forçando algo que não era verdadeiro. Aos poucos, foi perdendo a confiança, a vontade, e entrou em uma espiral de tristeza.

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Mas com o profissionalismo que sempre teve, ela seguiu firme até o final da novela. E aos poucos, foi ajustando a personagem. Trouxe mais nuances, humanizou a vilã. Resultado? Nas cenas finais, a mesma internet que havia criticado com tanta força agora aplaudia. As sequências da condenação de Catarina à forca foram elogiadas, viralizaram e trouxeram de volta parte do reconhecimento que Bruna sempre teve.

Só que o estrago já estava feito. Aquela experiência havia deixado marcas profundas. E foi aí que Bruna tomou uma das decisões mais corajosas da sua vida: se afastar das novelas. Não por vaidade. Não por estrelismo. Mas por proteção emocional. Precisava respirar, se reconectar com ela mesma, entender onde e como queria continuar sua carreira.

A partir de então, ela começou a trilhar um novo caminho. Apostou em campanhas publicitárias, moda, eventos internacionais, e finalmente deu um passo importante rumo à carreira internacional. Em 2023, brilhou no cinema como Jenny Kord no filme Besouro Azul, produção da DC Studios — marcando presença em Hollywood com talento, beleza e uma trajetória que inspira.

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Essa virada mostra que até mesmo quem parece ter tudo — sucesso, fama, oportunidades — também sofre, também quebra, também sente o peso da rejeição. Bruna Marquezine viveu, expôs suas dores e transformou isso em força. Em vez de continuar tentando agradar todo mundo, decidiu se escutar. E essa decisão fez toda a diferença.

Hoje, mais madura, mais segura e mais livre, ela mostra que é possível se reconstruir depois de uma queda. Que não há vergonha em dizer “não estou bem” e que, às vezes, a melhor escolha é justamente sair do lugar onde não nos sentimos pertencentes.

A história de Bruna é, acima de tudo, um lembrete: a vida real dos artistas não é feita só de flashes e aplausos. Há bastidores silenciosos, há dores invisíveis e, principalmente, há coragem — a mesma que ela teve para mudar o rumo da própria história.