A confirmação de Virgínia Fonseca como nova rainha de bateria da Grande Rio para o Carnaval de 2026 pegou muita gente de surpresa — e não apenas os foliões. A nomeação da influenciadora, uma das mais populares do país, para o posto antes ocupado por ninguém menos que Paolla Oliveira, abriu espaço para um debate que ultrapassa o samba e toca em questões mais profundas sobre tradição, visibilidade e valores.

Paolla Oliveira, atriz consagrada da televisão brasileira e figura marcante no carnaval carioca, encerrou sua trajetória como rainha da bateria da Grande Rio com classe. Durante uma entrevista ao canal do jornal O Globo no YouTube, a atriz falou pela primeira vez sobre a sua substituição por Virgínia Fonseca e, como era de se esperar, a internet explodiu com interpretações diversas.

Com a elegância que já lhe é característica, Paolla foi direta: “Somos mulheres muito diferentes”. E complementou: “Temos valores diferentes, pensamentos diferentes”. A frase, dita em tom sereno e ponderado, gerou reações fortes nas redes sociais. Parte do público interpretou como um simples reconhecimento de diferenças. Outros, como o colunista Leo Dias, viram na fala uma crítica velada. Para ele, o comentário foi “cruel”.

Mas… foi mesmo?

Paolla Oliveira - Página 4 de 109 - Contigo!

A atriz deixou claro que não tem convivência com Virgínia e que seu julgamento é baseado apenas na figura pública da influenciadora. Ainda assim, afirmou torcer para que a nova rainha brilhe em sua jornada, desde que entenda o que o posto realmente representa — especialmente para as mulheres do samba, tantas vezes invisibilizadas.

“O papel da rainha de bateria vai muito além da estética. É uma representação de luta, de visibilidade e respeito”, disse Paolla. Durante sua gestão na Grande Rio, ela fez questão de destacar histórias de mulheres da comunidade e dar voz àquelas que não costumam ter espaço nos holofotes.

A escolha de Virgínia Fonseca marca, portanto, uma virada significativa no perfil da escola de samba. Se por um lado, Paolla é símbolo de tradição, de presença artística consolidada e forte envolvimento com o universo do carnaval, Virgínia representa a força do novo: alcance digital, popularidade massiva e apelo entre os mais jovens.

Essa troca de bastão gerou controvérsia porque coloca frente a frente duas realidades distintas — e, para muitos, até conflitantes. Afinal, o que pesa mais para ser rainha de bateria hoje: ligação com o samba ou engajamento nas redes?

Enquanto a escola aposta em visibilidade e modernidade, buscando ampliar sua projeção midiática com uma figura de milhões de seguidores, Paolla fez questão de reforçar o valor do comprometimento com a comunidade e a cultura do samba.

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Na entrevista, a atriz também descartou qualquer possibilidade de rivalidade feminina. “Não é sobre competição. É sobre continuidade e responsabilidade. Espero que ela exerça esse papel com amor e dedicação”, afirmou. E sim, Paolla estará presente na coroação de Virgínia, como manda o respeito e a tradição.

Ainda assim, o comentário sobre “valores diferentes” continua sendo o ponto mais debatido dessa história. E talvez seja aí que resida a verdadeira polêmica: na diferença de visões, estilos e até prioridades.

Paolla falou com franqueza. Não atacou, não ironizou, não menosprezou. Apenas delimitou seu espaço — algo raro e corajoso em um meio onde o “politicamente correto” muitas vezes esconde o que realmente se pensa.

No fim, sua fala expôs uma tensão crescente entre o antigo e o novo, entre a vivência cultural e o marketing digital, entre a presença física na comunidade e o alcance virtual.

A coroação de Virgínia por Paolla será um momento emblemático. De um lado, a artista que caminhou na avenida com raízes no samba. Do outro, a influenciadora que leva milhões de seguidores consigo. Um encontro entre tradição e modernidade que, certamente, ainda vai dar muito o que falar.

Se a escolha da Grande Rio foi acertada ou não, só o tempo (e o desfile) dirão. Mas uma coisa é certa: Paolla saiu pela porta da frente, com dignidade, verdade e respeito — algo que, independentemente de valores, é sempre admirável.