Desde que trocou o Barcelona pelo Paris Saint-Germain em 2017, Neymar nunca mais teve paz. Entre lesões, polêmicas e críticas constantes da imprensa francesa, o craque brasileiro convive com mais questionamentos do que aplausos — mesmo quando entrega atuações brilhantes. Mas, no meio de tanta pressão, ainda há quem enxergue e reconheça seu talento como ele realmente é. E um deles é ninguém menos que Marco Verratti, meio-campista italiano que conviveu com Neymar no dia a dia do PSG.

Em uma recente entrevista, Verratti saiu em defesa do amigo e não poupou elogios. Segundo ele, quando Neymar está saudável e longe das lesões, seu nível técnico é comparável ao de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo — algo que poucos no mundo ousam dizer em voz alta. E o melhor: com propriedade, afinal, Verratti conhece o brasileiro de perto, dentro e fora de campo.

“Acho que, quando está bem fisicamente, Neymar é do nível de Messi e Cristiano Ronaldo. Ele é inacreditável”, disse o italiano, destacando a genialidade do camisa 10 quando consegue ter sequência e confiança. Para muitos, essas palavras soam como exagero. Mas quem acompanha de perto a trajetória do brasileiro, sabe que não é bem assim.

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Neymar começou a temporada daquele ano com o pé direito. Voltou das férias antes do esperado, surpreendendo até mesmo a imprensa francesa. Em campo, respondeu à altura: marcou 15 gols e deu 13 assistências em apenas 22 jogos — uma média absurda, superior a uma participação direta por partida.

Mais do que isso, surpreendeu em um dado raramente comentado: foi o segundo jogador com mais desarmes e contribuições defensivas do PSG nos dois primeiros meses da temporada, ficando atrás apenas de… Marco Verratti. Isso mesmo. O camisa 10, conhecido por sua habilidade no ataque, estava ajudando o time até na marcação. Um Neymar aplicado, comprometido e decisivo. Mas, como sempre, bastou a Copa do Mundo passar para os ataques da mídia voltarem com força total.

Logo na volta do Mundial, o jogador foi expulso em um jogo do Campeonato Francês após receber dois cartões amarelos em sequência. A imprensa acusou Neymar de “forçar a expulsão” para não ter que jogar no dia 1º de janeiro, insinuando que ele queria curtir a virada de ano sem compromissos profissionais. A acusação gerou revolta entre os fãs, mas refletiu o quão desgastada está a relação entre o craque e os veículos franceses.

Para piorar, o PSG perdeu para o Lens por 3 a 1 justamente no jogo em que Neymar esteve ausente. No jogo seguinte, diante do Rennes, o brasileiro teve uma atuação apagada e voltou a ser duramente criticado. Chegaram a chamá-lo de “maior fracasso da história do futebol” em relação a investimento e retorno. Um dos jornalistas chegou a escrever que Neymar só teve dois jogos bons desde que chegou à França.

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É claro que a convivência com Mbappé, considerado “intocável” no clube e verdadeiro símbolo nacional, também influencia esse clima tenso. Mas entre os colegas de time, Neymar ainda tem seus aliados. Messi, Marquinhos e Verratti são alguns dos que mantêm uma relação próxima com o camisa 10 — e isso pode explicar por que ele ainda permanece no clube.

Verratti não é o primeiro companheiro a elogiar o brasileiro. Diversos jogadores já afirmaram que Neymar, em forma, é absolutamente imparável. O que falta, talvez, seja uma estrutura — tanto física quanto emocional — que permita a ele jogar com regularidade e sem se machucar.

O que ninguém pode negar é que Neymar é um jogador fora da curva. Capaz de lances que poucos no planeta conseguem reproduzir, ele tem a técnica, o talento e a visão de jogo de um verdadeiro gênio. O problema é que, nos últimos anos, esses lampejos têm sido cada vez mais espaçados, e as críticas, cada vez mais frequentes.

No fim das contas, a fala de Verratti serve como um lembrete: o Neymar que encanta ainda existe. Só precisa estar inteiro. E quando está, o mundo lembra por que ele foi apontado, desde cedo, como o sucessor natural dos grandes nomes da história.

Resta saber se, com o tempo, ele conseguirá recuperar essa forma e silenciar os críticos — ou se será lembrado como o craque que poderia ter ido ainda mais longe.