Com a voz embargada e os olhos cheios de emoção, Virgínia Fonseca deixou o público em silêncio ao compartilhar, pela primeira vez com tanta franqueza, a dor de uma relação difícil com o próprio pai, Mário Serrão. Durante uma entrevista intensa ao canal de Fernanda Gentil, a influenciadora revelou cicatrizes emocionais que carregou por boa parte da vida – e como conseguiu, pouco a pouco, transformar dor em entendimento.

“Minha relação com ele era muito ruim”, confessou Virgínia, sem rodeios. “Ele era muito grosso, bravo, mente fechada. Participou da guerra, tinha traumas e não sabia dar carinho. Isso me deixava revoltada. Eu falava pra minha mãe: ‘Eu odeio meu pai’.”

Essa frase, tão forte e carregada de ressentimento, resume uma infância e juventude marcadas pela ausência de afeto. Virgínia, filha de pai português, cresceu tentando entender por que não recebia do pai o carinho que via em outras famílias. A convivência era tensa, difícil, e o ambiente familiar, por vezes, sufocante.

Mas a virada só veio anos depois – e da forma mais improvável: com a distância. Segundo ela, tudo começou a mudar quando decidiu sair de casa e morar sozinha. Foi ali que sua perspectiva mudou. “Comecei a entender que ele não dava carinho porque também nunca recebeu”, explicou. “Passei a abraçar, a beijar ele. Ele reclamava, dizia que era ‘frescura’, mas eu não ligava mais. Era minha forma de tentar curar aquilo dentro de mim.”

Essa mudança de atitude veio apenas três anos antes da morte de Mário Serrão, em 2021. Um tempo curto, mas suficiente para ela enxergar o pai com outros olhos. Virgínia contou que, ao olhar para trás, vê esse processo como libertador. Não apenas por ele, mas por ela mesma – e pelas filhas que hoje cria com Zé Felipe.

“Minha mãe sempre foi muito carinhosa. Ela soube lidar com ele como ninguém. Era ela que mandava em casa, e tudo o que eu pedia, ele dava. Menos carinho”, disse Virgínia. “Hoje eu sou muito assim com minhas filhas. Abraço, beijo, falo que amo. Porque decidi quebrar esse ciclo.”

E é justamente nesse ponto que o depoimento toca fundo em quem escuta. O ciclo. A repetição. Aquela herança emocional que muitas vezes carregamos de forma inconsciente. Virgínia não apenas reconheceu o peso do que viveu, como tomou para si a responsabilidade de mudar a história — para as próximas gerações.

No vídeo, o tom de Virgínia não é de vitimização. É de verdade, de cura, de alguém que entendeu que perdão não é esquecer, mas sim compreender. Que não se trata de apagar o passado, mas de dar um novo sentido a ele.

A coragem de se expor dessa maneira, ainda mais diante de milhões de seguidores, causou comoção. Nos comentários da entrevista, muitos internautas compartilharam histórias parecidas, dores guardadas, mágoas com pais que nunca souberam demonstrar amor. E a pergunta que ficou no ar ecoa ainda mais forte: é possível perdoar e reconstruir uma relação marcada por traumas?

Para Virgínia, a resposta é sim. Ainda que o tempo tenha sido curto, ela acredita que aqueles últimos anos ao lado do pai foram preciosos. “A gente não virou os melhores amigos, não. Mas eu consegui olhar pra ele com mais compaixão. E ele, do jeito dele, também mudou um pouco. Às vezes, um pouco já é muito.”

Em tempos de redes sociais repletas de filtros, sorrisos e momentos perfeitos, escutar um relato tão cru e humano lembra a todos que a vida real é feita de imperfeições — e que cada um carrega suas batalhas silenciosas.

Mais do que uma revelação sobre o passado, Virgínia trouxe à tona uma conversa urgente: sobre saúde emocional, sobre empatia e sobre a força de romper padrões dolorosos. Uma fala que, sem dúvida, vai ecoar por muito tempo no coração de quem já viveu algo parecido.