O relógio está correndo, e para Neymar Jr., talvez mais rápido do que nunca. Uma análise contundente feita pelo jornalista Marcelo Bechler colocou os holofotes em uma questão que há tempos ronda os bastidores do futebol brasileiro: ainda há espaço para Neymar na elite do futebol mundial e na Seleção Brasileira?

Nos últimos meses, Neymar retornou ao Santos com a promessa de se reencontrar com suas origens e, quem sabe, reconquistar o coração da torcida brasileira. A expectativa era enorme: craque consagrado, nome histórico da Seleção, retorno ao clube onde tudo começou. Mas o que se viu em campo foi muito abaixo do esperado — tanto em rendimento técnico quanto físico.

Marcelo Bechler não poupou palavras. Em seu comentário direto e transparente, ele expôs dados e apontou o que, para muitos, já parece óbvio: Neymar não tem conseguido mostrar o futebol que dele se espera. “Ele deveria ser o líder técnico da Seleção, mas nem no Santos conseguiu se destacar”, disse o jornalista.

Desde sua volta, Neymar participou de 21 jogos com a camisa do Santos. Nesse período, contribuiu com apenas 3 gols no Campeonato Brasileiro e nenhuma assistência. No Campeonato Paulista, foram 3 gols e 3 assistências. Na Copa do Brasil? Nenhuma participação direta em gols. De suas 9 contribuições ofensivas totais, 5 foram contra Inter de Limeira e Água Santa — equipes que sequer figuram entre as divisões principais do futebol nacional. Os outros 4 envolvem um gol contra o Flamengo, dois gols sobre o Juventude (na zona de rebaixamento), e uma assistência contra o Bragantino.

Ou seja, do ponto de vista numérico, Neymar não tem feito diferença — nem contra os grandes, nem contra os pequenos.

Outro ponto alarmante é sua disponibilidade física. Neymar participou de apenas 63% das partidas do Santos desde seu retorno. Essa média, curiosamente, é compatível com seu histórico desde 2017, quando foi para o Paris Saint-Germain. Nos últimos oito anos, ele jogou 60% ou menos dos minutos disponíveis por temporada. O corpo, cada vez mais, tem traído o talento.

E o tempo está se esgotando. Com nova lesão, Neymar deve retornar aos gramados apenas em novembro. Caso dispute todos os 10 jogos restantes do Campeonato Brasileiro, encerraria 2025 com 31 jogos disputados — ainda assim, pouco para quem precisa mostrar serviço.

Bechler foi claro: Neymar ainda é o melhor jogador brasileiro — mas apenas na teoria. O “Neymar 100%” que todos conhecem, aquele capaz de mudar um jogo sozinho, simplesmente não existe mais na prática.

E quando se fala em Seleção Brasileira, o caminho fica ainda mais estreito. O técnico Carlo Ancelotti, que deve assumir o comando da seleção em definitivo, já deu indícios de que não pretende convocar jogadores apenas pela fama. Neymar, para conquistar uma vaga na Copa de 2026, precisará de muito mais do que nome: precisará de atuações consistentes e em alto nível.

Mas onde? Com as oportunidades no Brasil se esgotando, Bechler aponta uma possível saída: Europa, mesmo que em clubes de “segunda prateleira”.

A análise sugere que Neymar deveria, em janeiro, procurar um time europeu disposto a apostar em seu talento. Não mais Paris Saint-Germain, Real Madrid ou Barcelona — mas talvez um Sevilla, Real Betis, ou outra equipe que dispute competições europeias, onde ele possa se reerguer.

A missão? Fazer um segundo semestre de temporada europeu espetacular. Jogar bem contra grandes clubes, aparecer em confrontos importantes da Liga Europa, ser protagonista e, com isso, voltar ao radar da seleção.

“É difícil, mas ainda é possível”, conclui Bechler. No entanto, essa possibilidade depende de algo que Neymar não tem conseguido entregar: regularidade física e técnica.

A situação atual de Neymar representa um marco importante na carreira de qualquer jogador de elite: o momento em que talento já não basta. Em campo, o camisa 10 não tem sido decisivo. Fora dele, a pressão e as expectativas só aumentam.

Se permanecer no Brasil, terá apenas o Campeonato Paulista para impressionar — torneio tradicional, sim, mas com adversários como Botafogo-SP, Água Santa e Inter de Limeira, que dificilmente serviriam como vitrine para convencer Ancelotti.

O tempo, implacável, segue correndo. E Neymar, aos poucos, vê a janela para um retorno triunfante à Seleção se fechar. Seu talento ainda é inegável. Sua história, respeitável. Mas o futuro? Esse é incerto — e depende, mais do que nunca, de decisões difíceis e um comprometimento absoluto com o que sempre o colocou entre os melhores do mundo: o futebol bem jogado, com raça, entrega e constância.

Será que Neymar ainda tem essa carta para jogar?