Em menos de 24 horas, a vida de Edit foi do céu ao inferno. Na mesma tarde em que descobriu estar grávida, depois de duas gestações interrompidas e anos tentando, ela também descobriu que o marido — um empresário poderoso e influente — a traía descaradamente no próprio escritório, com uma funcionária mais jovem.

Mas essa não é apenas uma história de traição. É uma história de ruptura. De coragem. De renascimento.

Era uma terça-feira qualquer quando Edit saiu do consultório segurando a imagem mais preciosa da sua vida: um ultrassom com o coraçãozinho do seu bebê batendo forte. Chorou de alegria pela primeira vez em muito tempo. Sentiu que finalmente algo havia dado certo.

Ela queria contar a novidade pessoalmente ao marido, Roberto, o homem com quem dividira perdas profundas e que chamava de “estrela do norte”. Com o ultrassom guardado com carinho na bolsa, foi até o escritório dele, sem imaginar que aquele seria o dia em que tudo desabaria.

Ao chegar, a recepcionista hesitou, tentou impedir sua entrada. Alegou que Roberto estava em reunião com uma tal de Tânia. O nome soou familiar. Edit insistiu. Ela era esposa dele, afinal. Tinha o direito. Subiu.

No andar executivo, tudo estava silencioso demais. A porta do escritório entreaberta. De lá, risadas e sussurros. Ao abrir, Edit viu com os próprios olhos: Roberto envolvido com Tânia em um beijo íntimo e faminto. Aquilo não era uma traição ocasional. Era algo recorrente. Uma rotina escondida.

A pior parte? Não houve arrependimento. Apenas irritação por ter sido pego. Tânia, com ar de superioridade, nem disfarçou. E Roberto, ao invés de pedir desculpas, disse friamente: “Você deveria ter ligado.”

Sem dizer uma palavra, Edit foi embora. Deixou tudo. Passou pela recepção, ignorou as expressões de pena. Caminhou pela cidade como um fantasma. Os passos a levaram ao Central Park, onde sentou-se num banco e finalmente chorou.

O ultrassom ainda estava na bolsa. O bebê ainda existia. Mas tudo o que o cercava era mentira. E então, Edit teve um momento de clareza: ela não podia mais viver naquela farsa.

Roberto tentou convencê-la a voltar. Chamou-a de irracional. Disse que “precisavam conversar”. Como se a destruição do lar pudesse ser resolvida com um acordo comercial. A cada mensagem dele, Edit sentia o peso do controle que ele tinha sobre tudo: dinheiro, casa, carro. Até sua identidade parecia pertencer a ele.

Foi então que ligou para Kif, um velho amigo dos tempos da faculdade, agora advogado especializado em causas sociais. Quando chegou ao escritório dele, parecia uma sobrevivente de naufrágio. Contou tudo. Kif escutou com empatia e, com calma, traçou um plano.

“Ele vai tentar te controlar, depois comprar. Quando isso falhar, vai ameaçar. Vai usar o bebê como arma”, alertou. E assim nasceu o plano de fuga.

Kif ajudou Edit a resgatar um fundo deixado pela avó — R$ 100 mil esquecidos, mas salvos em seu nome de solteira: Edit Merit. Com isso, montaram uma nova vida. Nova conta. Novo telefone. Nova identidade. Nova cidade.

Enquanto Roberto movia mundos e fundos para encontrá-la, contratando seguranças e vasculhando aeroportos, Edit era discretamente apagada do radar. E reescrita. Tornava-se alguém que ele não conhecia.

“Você está grávida do meu filho”, ele disse, com tom de posse. “Você não vai a lugar nenhum.”

Mas ela foi. Pegou um ônibus em direção ao interior de Massachusetts. Deixou para trás o luxo, o controle, a dor. No lugar disso, levou consigo o que realmente importava: seu bebê, sua liberdade e uma nova chance de existir por si mesma.

A mulher que um dia foi “a esposa do Monarha” agora era só Edit. Simples assim. E absolutamente poderosa.

Porque às vezes, a maior prova de amor por um filho… é amar a si mesma o suficiente para não aceitar menos do que se merece.